Os jovens de hoje em dia têm muita pressa. Por um lado isso é bom, pois isso representa o oposto do comodismo, mal que afetou muitas gerações passadas. Eles são mais questionadores, querem inovar o tempo todo, nadam de braçada nas novas tecnologias, têm alcançado altos postos nas organizações e patrimônio cada vez mais cedo.
Mas essa afobação toda traz também uma carga negativa: eles não estão se dando tempo e nem mesmo espaço para um amadurecimento consistente.
As pessoas continuam precisando de um conjunto de experiências refletidas para poder amadurecer. Com a pressa que o mundo impõe hoje, muitos pensam que migrar de uma experiência profissional para outra é suficiente. Na minha visão, porém, esse movimento pode não ser um crescimento consistente. Cada transição precisa ser refletida antes que o novo ciclo se inicie e o atual se transforme em efetivo aprendizado. A maturidade ainda está muito ligada ao conceito de envelhecer. Por isso, talvez, o termo apresente alguma resistência.
Certa vez, li um artigo em que o autor dizia que amadurecer não significa perder o encanto, ficar velho.É apenas saborear com menos pressa. Não é perder a vibração, deixar de se encantar com o novo, mas tratar disso com mais responsabilidade. Gosto muito dessa percepção. Antes de expor toda a sua bagagem para o mundo, ela precisa ser interiorizada e isso demanda tempo, dedicação, atenção. Mas, com essa corrida desenfreada, quem encontra tempo? Com tantas cobranças, quem se permite parar?
Nós – e aí incluo os pais, a sociedade e a escola – estamos acelerando ainda mais esse ritmo dos jovens, cobrando como se eles não tivessem o direito de errar, como se eles tivessem obrigação de estar totalmente encaminhados na vida profissional aos 20 anos e sem o direito de fazer alguma mudança aos 28. Se uma criança não tem sua agenda repleta de atividades, sentimos culpa por talvez estarmos “atrasando” nossos filhos ou tornando-os obsoletos para a entrada na sociedade produtiva! O que é isso? Preencher agenda, na verdade, resolve também a falta de tempo para estar com eles.
A cobrança é tamanha que jovens com menos de 30 anos se desesperam se descobrem que não estão contentes com suas escolhas do passado recente e que desejariam mudar de rumo. Nessa sociedade imediatista, eles aprendem que um recomeço a essa altura da vida – que altura? 28 anos? – significa que eles estão fadados a ficar para trás na competição do mundo corporativo. Agora, eu pergunto: quem disse isso? Quem falou que a pessoa não pode mudar sua carreira aos 30, aos 40, aos 50 e ser bem-sucedido? Ou melhor, ser mais feliz, ou feliz novamente com um novo amor?
Percebo, nesse corre-corre, que o movimento está se refletindo também no ensino. Basta ver o perfil dos alunos nos cursos de MBA. Originalmente, a proposta desses cursos era que o profissional voltasse para a escola depois de alguma experiência vivida para e reciclar, aprimorar conhecimentos e, acima de tudo, aprender com a troca entre os colegas de turma.
Hoje, você entra em uma sala de MBA e grande parte é formada por jovens que mal saíram da faculdade e se sentem cobrados por fazer uma pós-graduação imediatamente. Pipocam de um curso a outro para engordar o currículo e nem ao menos avaliam o quanto aquele conhecimento realmente está sendo absorvido ou se os objetivos estão de fato sendo atingidos.
Amadurecer é ter a capacidade de organizar a própria vida. Se você é jovem, não tenha tanta pressa. Nada vai sair do lugar. Crianças continuam nascendo em nove meses (agora se contam em semanas, parece que para acelerar o tempo, não?).
Quanto mais reflexões embasarem as suas decisões, menores serão as suas chances de errar. A maturidade consistente só virá se você souber sugar suas experiências e conseguir, de fato, aprender com elas. Pare, respire. Pense sobre o que aprendeu até aqui, o que te faz bem, o que te realiza. É essencial também identificar aquilo que você não quer fazer. Dê um passo de cada vez. Garanto que você sairá ganhando.
Autor: Vicky Bloch
Adorei o texto, Rafa!
Tenho muitos colegas nesta faixa etária e, embora mais capacitados tecnicamente, falta aos jovens líderes vivências pessoais que são essenciais ao bom desempenho de funções de comando. Hoje em dia,nas empresas de visão, isso pode ser compensado com a interação maior entre os profissionais maduros da organização.