Profissionais não definem metas para carreira e futuro

Saber o que será da vida daqui dez ou vinte anos pode parecer um exagero. O que importa, dizem os imediatistas, é o agora, já que o dia de amanhã é um mistério. Do ponto de vista profissional, definir metas para a carreira também não costuma ser uma prioridade, nem da maior parte das empresas em relação aos funcionários e nem do próprio indivíduo, que acaba mais preocupado em ganhar o salário no final do mês. Para os especialistas, um erro grave e bem comum.

Numa pesquisa da empresa Núcleo de Coaching Integração, com mil entrevistados, 65% das pessoas disseram não ter ou não saber claramente seus objetivos de médio e longo prazo.

“Ideias subjetivas, como felicidade e ganhar dinheiro, que na verdade são resultados, atrasam o progresso dos profissionais”, diz a coordenadora do estudo Jaqueline Weigel, diretora da instituição.
Ao mesmo tempo, 68% dos participantes do estudo declararam-se felizes atualmente.

A sensação do brasileiro de estar perdido diante de seus sonhos de vida tem explicação, dizem os especialistas, na educação. Em países como Estados Unidos e Cingapura, as crianças são ensinadas desde cedo a planejar e visualizar o que desejam no futuro, aprendendo que para isso precisam de esforço, estudo, dedicação, trabalho.

“Não aprendemos na escola a questionarmos a nós mesmos e a transformar isso em ação. Fomos condicionados a decorar”, diz o coach Mike Martins, diretor executivo do Instituto de Desenvolvimento Pessoal e Profissional (IDEP).

Organizações
As empresas, por sua vez, também não ajudam os funcionários a se sentirem seguros em relação aos próximos passos. “Para a maioria das companhias, as metas que existem são de produção e lucro. Não de desenvolvimento da equipe. Há empresas que ainda consideram tempo de casa para promover um funcionário. A geração Y que está aí não espera anos para subir um nível ou dois”, diz a coach Marie-Josette Brauer.

Mas o plano de carreira não é responsabilidade só do empregador. “Cada um é dono do próprio crescimento. Se o lugar onde trabalha não tem essa preocupação, o indivíduo deve traçar seu caminho por conta própria, lembrando sempre qual é a sua grande causa pessoal”, avalia Jaqueline. Para especialistas, é essencial o indivíduo compreender que deve ser movido por uma causa para construir uma obra da qual se orgulhe.

Falta de rumo
Uma carreira que parecia sem sentido. Era essa a sensação que a gerente geral de RH Elaine Rodrigues, de 33 anos, tinha em relação ao trabalho que desenvolvia desde 1996. “Em algum momento, eu comecei a trabalhar triste, angustiada, sem paixão”, diz.

No ano passado, ela percebeu que estava patinando há anos na carreira. “Pensava ‘quero ser diretora’. Mas era algo vago. Não me preparava para isso. Eu me tornei muito boa em desenvolver material e repassar para outra pessoa apresentar. Eu tinha a habilidade, mas não a atitude.” Elaine procurou um coach, indicado por amigos, para se aprimorar, ter mais autonomia e aprender a fazer tudo por etapas, mesmo que levassem tempo.

O efeito foi muito maior do que o esperado. Primeiro, suas competências ficaram em evidência. Hoje, ela está sendo preparada para assumir um cargo de diretoria na empresa de material de construção em que atua. Descobriu um lado empreendedor e o talento de escritora (será coautora de dois livros a serem lançados em novembro e março). Segundo, conseguiu fazer um planejamento para que tudo aconteça.

“Em um ano estarei na diretoria de RH. Em dois anos, comprarei meu apartamento. Em cinco terei dinheiro suficiente para dar os primeiros passos da minha empresa de consultoria. Em uma década, essa minha empresa já estará consolidada”, diz Elaine, que lê essas e outras metas na tela do computador todos os dias e continua o acompanhamento com o coach.

Autora:SUZANE G. FRUTUOSO

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